O que pretendo dividir com vocês nestas páginas, entre outras coisas, são algumas das ferramentas cognitivas que, ao longo desses últimos anos dedicados ao tema, fui desenvolvendo para diagnosticar a corrupção intelectual nas suas mais variadas formas, das mais sofisticadas às mais grosseira. Há a todas estas uma característica comum e permanente: o senso de inadequação do intelectual, que se manifesta numa experiência de isolamento, logo convertida em ressentimento e impaciência. Sentindo-se socialmente desvalorizado e impotente em suas elucubrações solitárias, o intelectual anseia por um poder de maior impacto e imediaticidade, passando a ver na militância político-ideológica a possibilidade de uma revanche contra os bodes expiatórios projetados por sua má consciência.Além de diagnosticar a doença, pretendo também oferecer o remédio. E não há nada melhor para prevenir o espírito contra os germes da corrupção intelectual do que a exposição a bons modelos, ou seja, pensadores que mantiveram sua integridade intelectual a despeito das circunstâncias, persistindo na busca da verdade quando tudo em volta induzia à mentira. Há uma plêiade deles ao longo da história, inclusive no Brasil, e não podemos nos dar ao luxo, neste momento da crise cultural, de negligenciá-los. E assim, convido o leitor a juntar-se ao autor na difícil missão, assumidamente imodesta, e, todavia, urgente, de restauração da inteligência nacional. Aos que toparem o convite, deixo aqui minha gratidão, solidariedade e a promessa de oferecer-lhes sempre o que de melhor puder entregar."Lendo, em provas, o livro de Flavio Gordon, [...] noto que esse meu caro aluno não só aprendeu a lição, mas a incorporou no centro mesmo da sua consciência. de onde enxerga com clareza exemplar o fenômeno da devastação intelectual brasileira, que a intelectualidade acadêmica não pode perceber pela simples razão de que ela mesma o criou e o personifica".— Olavo de Carvalho