Trilogia Filhos da Luz - Volume 3
Os espíritos nada mais são que as almas dos homens que já morreram. Os Imortais ou espíritos superiores também já tiveram seus dias sobre a Terra, e a maioria deles ainda os terá. Portanto, são como irmãos mais velhos, gente mais experiente, que desenvolveu mais sabedoria, sem deixar, por isso, de ser humana. Por que haveria, então, entre os espiritualistas tanta dificuldade em admitir esse lado humano? Por que a insistência em ver tais espíritos apenas como seres de luz, intocáveis, venerandos, angélicos, até, completamente descolados da realidade humana? Há quem acredite que eles sabem tudo, conhecem o íntimo de cada coisa, inclusive do porvir, do misterioso amanhã, e que basta pensarem para que a realidade ao redor se modifique, para que possam ir daqui para ali num átimo. Tudo isso sem esforço, sem limite, sem gasto de energia - e, de preferência, sempre com um sorriso de candura no rosto, saudando: “Meu irmão…”. Jesus é tido pelo espiritismo como guia e modelo para a humanidade. Pois esse homem não hesitou em declarar o limite de seus conhecimentos e de seu poder ou capacidade, de anunciar estar sujeito a normas e aos desígnios de uma autoridade maior. Sem falar que demonstrou traços humanos os mais nítidos e variados, entre tantos o dom de comover-se diante da dor alheia e da morte de quem lhe era caro, como também diante do futuro de dores e guerras. Se o Imortal dos Imortais se mostrou humano quanto pôde, que haveria conosco, que precisamos transformar em deuses até os espíritos amigos, que precisamos elevar à categoria de santos até os homens e médiuns admiráveis, esvaziando-os de toda a humanidade, de todo traço que lembre hesitação, dúvida, fraqueza, indignação, equívoco; de todo vestígio de humanidade, enfim? Por que precisamos acreditar que o Mestre e os mestres, se são bons, têm de ser essencialmente diferentes de nós?