A região amazônica possui algumas características muito peculiares, que a distinguem claramente das outras regiões do país. A floresta amazônica nativa cobre a maior extensão da região, sendo que o Estado do Amazonas ainda mantém 97% de sua floresta conservada. O grande número de rios e igarapés proporciona à região uma grande rede fluvial, constituindo o principal meio de transporte. Apenas quatro municípios do Estado do Amazonas são interligados à Manaus por vias terrestres. O livro “Impactos Urbanos sobre a Biologia do Ambiente Amazônico: interações entre moléculas, organismos e ambientes” abrange esta interação entre o homem e o ambiente e as suas conseqüências para o ambiente urbano. Apesar da grande extensão territorial, o Estado do Amazonas possui apenas 62 municípios, caracterizados por grandes áreas e pelo isolamento devido às longas distâncias intermunicipais. De acordo com especialistas, mais de 80% da população da Amazônia vive em ambientes urbanos. Esta urbanização decorre da centralização de práticas sócio-econômicas importadas de outras regiões, sem levar em conta as características ambientais, tampouco às vocações tradicionais da Amazônia. Instalado o quadro urbano, é necessário que os diversos setores da sociedade se reúnam e se organizem no sentido de oferecer as melhores condições para uma convivência harmoniosa entre homem e natureza. Este livro ainda aponta que grande parte dos problemas urbanos, gerados principalmente pelo desmatamento e pela falta de saneamento básico, só poderão ser controlados quando o conhecimento científico servir de base para o estabelecimento de políticas públicas nas cidades. O mesmo pode-se afirmar quanto à poluição dos igarapés que cortam as cidades, do uso indiscriminado dos rios que as servem como hidrovias, dos tipos inadequados de moradias e do uso inadequado dos recursos naturais disponíveis para alimento como peixes, frutos, micro-organismos, entre outros. Sérgio Ricardo Nozawa e André Luis Wendt dos Santos são pesquisadores e docentes do Programa de Pós-Graduação em Biologia Urbana do Centro Universitário Nilton Lins.