Imprensa e Sociedade na Amazônia (1870-1930) vem a público com a intenção de abordar a expansão e a atuação da imprensa em áreas marginais aos centros urbanos modernizados, onde ela tradicionalmente atua. Na obra, o olhar é deslocado para os sertões amazônicos de finais do século XIX e início do século XX, alcançando ali seringais, povoações embrionárias e populações deslocadas para o trabalho da extração da borracha. Em tais localidades, a imprensa é apresentada e apreendida como verniz civilizatório estruturante na luta contra o atraso e o arcaísmo, e como fulcro propulsor do progresso. Não sendo portadora de uma fala isenta de compromissos e intencionalidades, a imprensa que se instaura nos sertões amazônicos participou ativamente dos processos sociais, econômicos e políticos que marcaram a região, produzindo ricas representações, além de debater, propor e ancorar de forma interessada diversos projetos de intervenção social. Fruto de proposição formulada a diversos pesquisadores atuantes nas principais instituições universitárias da região, o livro incorpora uma dezena de reflexões voltadas para a compreensão da lógica de expansão e inserção do periodismo, não nas cidades capitais da Amazônia – então orgulhosas de seu progresso e modernização –, mas no vasto “inculto” e “arcaico” sertão amazônico, que começava a ser perscrutado e alcançado pelos tentáculos vorazes da expansão capitalista em sua sanha irrefreável por mercados consumidores e por centros produtores de matérias-primas de seus interesses. Assim, dialogando com uma produção periódica pouco conhecida e menos ainda referenciada, os pesquisadores que assinam cada um dos capítulos do livro acabaram por produzir um interessante mosaico, em que as múltiplas amazônias se revelam num rico, complexo e conflitivo quadro sociocultural demarcado pelas últimas décadas do século XIX e primeiras do XX.