O desconhecimento sobre o passado, o presente e o futuro dos índios no Brasil é grande. Em cinco ensaios que se valem tanto da história quanto da antropologia, este livro desmistifica os preconceitos que ainda imperam.
A história permite responder a várias perguntas. Por que são tão distintas as imagens que colonizadores portugueses e filósofos franceses formaram dos índios no século XVI? Por que os índios foram primeiro cobiçados como mão de obra escrava e mais tarde apenas considerados como obstáculos à ocupação das terras? Como a política indigenista foi mudando em função desses interesses e por que a maioria das terras indígenas no Brasil está na Amazônia?
Outras questões são de natureza conceitual. Como determinar quem é índio, que critérios são válidos? Como se deve entender a noção de cultura? Quais os fundamentos e a história dos direitos indígenas no Brasil que hoje estão consignados em um capítulo da Constituição?
Até os anos 1970, era comum pensar os povos indígenas como fadados ao desaparecimento pela marcha inelutável do progresso. Muita coisa mudou desde essa época, sobretudo as noções de progresso e de integração. Com a valorização das diferenças culturais, a velha ideia de que integrar os índios era torná-los “como nós”, assimilá-los, ficou obsoleta: igualdade e homogeneidade cultural deixaram de ser sinônimos. E, no entanto, há ainda quem diga que os índios são um empecilho ao progresso.
Para o nosso país que tem o privilégio de aliar uma imensa biodiversidade a uma igualmente imensa sociodiversidade, entender o passado e planejar o futuro com a presença e a parceria dos povos indígenas é um desafio fundamental.