Inferno e Danação” é uma obra centrada no relacionamento abusivo de Francisco e João Bosco, de 2019 a 2021, contando também a história recente do Brasil e sua caminhada para o fascismo do regime Jair Bolsonaro e a pandemia de COVID-19. Francisco é um ativista LGBT+, diretor de Cinema e TV e escritor de esquerda e a narrativa em terceira pessoa logo assume o tom da primeira pessoa. O nome do autor por vezes é mencionado em diálogos, e-mails, conversas de WhatsApp e de outros aplicativos. A biografia do autor também se confunde com a do personagem.
A história se inicia com uma tentativa de sequestro/execução de Francisco seguida por uma seção de tortura pela polícia/milícia carioca na noite do dia 4 e madrugada de 5 de janeiro de 2020, devido a seu ativismo político LGBT+ e atuação pró democracia e antifascista. Então, volta no tempo para acompanhar como o protagonista chegou a sua presente situação, com a primeira ameaça de morte recebida em 2017 — no dia de lançamento de seu primeiro longa-metragem. Quando o Galo Cantar... Seguimos Francisco quase cronologicamente até sua fuga para o exterior em 2019 e posterior mudança do Rio de Janeiro para São Paulo, onde é introduzido ao meio gay paulistano e conhece João Bosco. Eu também sou apresentado a uma prática comum entre os gays paulistanos atuais, que é a transmissão e filmagem [não consentidas e sem o conhecimento das vítimas] de momentos íntimos de indivíduos que possuem certo destaque na sociedade ou que são alvejados por serem antifascistas. Os consumidores desse material são distintos homens da alta sociedade bolsonarista, empresários, “heterossexuais” muitas vezes casados, pais e avôs, que participam de orgias gays regadas a metanfetamina. A situação é semelhante ao que tem ocorrido na Coréia do Sul e levado pessoas ao suicídio — lá, principalmente mulheres. No Brasil, minha experiência foi no meio gay — onde também ocorreram suicídios (ou execuções disfarçadas).
Justamente por não conseguir acreditar na irrealidade do fascismo e das câmeras escondidas com que sou confrontado, inicio uma investigação que leva a minha quase execução em janeiro de 2020. Depois disso, passo por grandes dificuldades tentando provar a mim mesmo que não estou doido e que as transmissões e filmagens de fato ocorrem — contando, inclusive, com a infraestrutura e participação de grandes empresas brasileiras e mesmo de redes hoteleiras multinacionais. O primeiro volume se encerra quando João Bosco admite abruptamente para mim, em 7 de setembro de 2021, que as transmissões são ,de fato, reais e que a polícia de São Paulo possui ciência e participa do esquema, assim como controla o tráfico de metanfetamina na cidade.
O ensaio se refere um mergulho filosófico nas teorias Política e da Arte que faço ao longo dos capítulos, em que traço as raízes em comum do chamado.
Pós-Modernismo e do Fascismo a Nietzsche. É sugerida uma [re]Tomada.
“A vida era glamourosa no jetset da Zona Sul do Rio. Bares, cinema, colunas sociais, drinks, viagens e confetes, em um mundo que parecia indestrutível. Até que uma mulher é agredida covardemente. Uma denúncia deve ser feita para os policiais do Leblon. Tem-se início uma jornada trágica, percorrida do lado selvagem da cidade, em que sobrevive o mais forte e corrupto, entre milicianos, contraventores, traficantes, autoridades cúmplices e jornalistas coniventes. Segue-se uma fuga para São Paulo. Mas, o mal se agrava. Aaron narra essa saga carioca/paulistana com a experiência de quem viveu o pesadelo do lado de dentro.”
Bruno Paes Manso
“Penso em como em ambos os casos, Aaron e Marielle, mesmo se partirmos do pressuposto de que os autores sejam diferentes, cabe supor que esses autores possam estar organizados numa pirâmide que tenha no cume um único responsável maior.
Paula Máiran
É muito importante ver essa fase de nossa história registrada na literatura brasileira. Uma leitura imperdível.
Ney MatogrossO