“De início, acho adequado definir o termo Cabala. CABALA é uma palavra hebraica derivada do verbo LECABEL, que significa RECEBER. Cabala significa, então, RECEBIMENTO. Trata-se assim de uma tradição antiga, que passa de mestre a discípulo desde os primórdios da história do povo judeu, de geração em geração, até os dias de hoje. A Cabala é a tradição mística do judaísmo, o conjunto das concepções que se referem aos debates e especulações a respeito da compreensão de Deus, do universo, da natureza, da alma humana, do homem e de sua tarefa no mundo criado. Documentos originais atestam e testemunham diferentes fases no movimento místico judaico. É possível classificar, no plano geral, sete diferentes abordagens ao longo de dois milênios. Tais diferenças de enfoque não implicam a negação das tendências anteriores, mas a aceitação de novas construções teóricas que se acrescentam, ou de novas práticas. Podemos supor também que cada fase seja uma etapa necessária para a manifestação da abordagem que a sucede, a exemplo de um pré-requisito, seja em termos espirituais, intelectuais ou práticos. O movimento místico judaico, denominado de forma genérica como Cabala, tem início no século I a.C. No entanto, segundo a tradição, que não dispõe do suporte autorizado da História, a origem da Cabala remonta, de acordo com alguns autores, a Moisés; segundo outros, ao patriarca Abraão; e há também menções de que o próprio Adão, o primeiro homem, teria recebido o ensinamento à época de sua criação.” - Trecho das Considerações Iniciais de Tova Sender