Só. Depois de perceber que todos os caminhos estão fechados, Antônio decide morrer; suicídio? Não! “Ele era herói da sua própria covardia”, por isso, era preciso que alguém o matasse, então, ele passa a viver perigosamente, desafiando o outro, tentando despertar a ira alheia, o ódio em seu estado bruto. Inúmeras são as tentativas, mas todas fracassadas. Desolado, parte em busca do seu assassino, numa jornada permeada por conflitos de natureza diversa e desprezo por si.
Atormentado pelas memórias sem mais-valia, mergulha no “submundo” e torna-se refém de si mesmo; vive as angustias de ser seu próprio prisioneiro, e que embora, tenha a chave do cárcere lhe falta o gesto, o impulso para abrir a porta e fugir, fugir dele mesmo. E quando percebe, que não há saída, precipita-se para o fundo do poço, mas o poço não era fundo o bastante, para o escondê-lo dele e do mundo.
Foi a partir da certeza, que não teria coragem de tentar contra a própria vida, que ele sequestra um desconhecido e tenta torná-lo no seu assassino, mas as coisas não dão certo. O sequestrado se mostra incapaz de cometer qualquer ato, que fira a natureza humana e assume o seu lado covarde, pondo assim, um ponto final na pretensão de Antônio de encontrar o seu algoz. Diante das ameaças do outro, ainda tenta manipular as armas que lhe são dadas, mas não vai além das tentativas...
Convencido da covardia do marinheiro e ávido por um assassino, Antônio contrata um matador profissional; prepara-o para ser o seu carrasco, mas depois de analisar os detalhes, percebe que escolheu a pessoa errada.
Há, por fim, o ódio adormecido do marinheiro, que na calada da noite exercita sutilmente a sua ira. Afinal, ali um tem que morrer, para o outro obter a liberdade.
O tempo era gasto com o exercício de suicídio de cada um e à medida que se moviam, desconstruíam as paredes, os muros, os abismos...