A psicologia clínica amplia seus campos de atuação e suas bases conceituais, tanto em suas abordagens próprias, quanto articulando-se com outras áreas das ciências humanas e da saúde. Os desdobramentos da clínica psicológica, com suas interfaces biopsicossociais, marcam o estado da arte desta obra literária. Vários caminhos se ampliam, no sentido de pensar a clínica psicológica e os processos de saúde e doença como uma unidade, sem as divisões impostas pelo pensamento cartesiano, marcado pelo afastamento entre corpo e mente, percebidos como entidades separadas. Nesse sentido, a obra problematiza outros modos de cuidado, em diferentes nuances e ramificações, principalmente, os agenciamentos entre as distintas áreas de conhecimento. Isso porque a visão de saúde segue afastando-se, progressivamente, do modo reducionista, próprio da unicausalidade, deslocando-se para uma visão multicausal e interdisciplinar. Desse modo, o ente humano passa a ser percebido e cuidado em todas as esferas que o compõem. Assim, as intervenções clínicas ampliam seus horizontes, superando o modelo que naturaliza os fenômenos humanos, reduzindo-os às categorias nosológicas consideradas como psicopatológicas e identificadas por sintomas apenas objetivos. Com isso, resgatam-se a subjetividade e os contínuos processos de subjetivação, próprios do humano; legitimando sua singularidade e a diversidade de seus modos de existir; afirmando a existência como única e irrepetível; promovendo um acolhimento ético, onde o cliente que precisa da psicologia como suporte para encontrar novos sentidos para sua existência, possa sentir-se livre para vivenciar o mundo da vida, permeado por múltiplas afecções e afetos, bem como pelas experimentações da vida e na vida. Simony Faria