A obra de Edgar Morin tem muitas facetas e está dividida em várias partes. No melhor estilo daquele que escreve, trata-se de um holograma: o todo está na parte que está no todo. Inúmeras são as janelas e portas que dão acesso a essa leitura do mundo feita de tantos nós e de tantos links. Tudo se interliga. Nada pode ser descartado sem análise minuciosa. Existe a grande reflexão englobada nos seis volumes de O Método. Mas há também os textos de investigação sobre a antropologia, a política e a cultura de massa. Não bastasse isso, Morin investiu também na apresentação das suas ideias de maneira didática, num colossal esforço de clareza para um público mais amplo. Este livro permite a qualquer um compreender os fundamentos do pensamento complexo. Em primeiro lugar, elimina ilusões e mal-entendidos. A complexidade não é uma receita de bolo nem a fórmula mágica para decifrar fenômenos até agora resistentes aos esforços científicos. O leitor sente o homem pensando, amadurecendo as ideias, dialogando com o passado, o presente e o futuro. Sem nenhuma dúvida, este é o livro para aqueles que sentem vontade de fugir do reducionismo e temem os delírios dos filósofos encerrados na adoração da palavra e do conceito. Mais uma vez, Edgar Morin prova que pensamento e clareza podem andar de mãos dadas sem prejuízo do conteúdo nem da forma. Tradução: Eliane Lisboa.