O fato de que o Brasil fez-se Império antes de se tornar nação constitui de partida incontornável para os estudiosos da colônia e do corpo político autônomo consolidado após 1822. Este livro propõe uma reflexão articulada das questões imperial e nacional perquirindo esboços do que posteriormente viria a configurar um projeto de Brasil independente no âmbito da própria tradição ilustrada luso-brasileira de finais do Setecentos. Fixando o processo transatlântico de discussão sobre os destinos da Monarquia portuguesa e reformulação dos mecanismos garantidores da coesão entre suas partes tão distintas busca desvendar não apenas uma determinada filiação de idéias e práticas que congregou intelectuais e estadistas dos dois hemisférios em diferentes conjunturas da crise do Antigo Regime português - particularmente o Marquês de Pombal D. Rodrigo de Sousa Coutinho e José Bonifácio de Andrade e Silva - mas a convergência entre suas formações político-intelectuais e as visões imperiais então produzidas. Estas últimas - registradas em memórias projetos discursos leis alvarás e apontamentos pessoais formulados entre 1750e 1822 - atestam inevitavelmente a presença de singularidades irredutíveis a uma perspectiva generalizante prenhes de virtualidades que se por um lado orientavam o receituário para emendar o velho reino por outro forcejavam os limites do próprio sistema luso-brasileiro impondo àqueles homens de saber e poder a artificiosa empresa de criar uma nova Nação .