muito ainda nos estranha – como há dez anos chamava atenção Luiz Costa Lima e como recobra a organizadora desta obra em sua nota de abertura para a fortuna crítica – a pergunta “quem sabe quem é Heleno Godoy?”. por isso esta obra: renascer um mundo inventário. o mundo inventário que aqui se renasce para nós, o mundo criado pelo ritmo e pela dicção de Heleno Godoy, tem sua sustentação no fazer formal – da plena consciência melo-logo-fanopaica, da palavra nascendo da e pela própria palavra, e construindo seu sentido: seu mundo. é inventário não somente porque reúne, mas inventário porque é o agente da invenção. ora que o inventarium latino provém do igualmente latino inventum, ao começo, “achar”, e, disso, tanto achar o desconhecido (“inventar”) quanto achar o conhecido (“inventariar”). neste Inventário, temos a reunião dos livros éditos publicados por Heleno Godoy desde sua estreia, em 1968 (7 num total), e de mais três inéditos; uma fortuna crítica com vinte e um estudos sobre a obra do poeta goiano; apresentação de sua organizadora; cronologia biobibliográfica com iconografia; e um apêndice com notícia biográfica dos colaboradores, bibliografia, índice de primeiros títulos e versos e índice geral. se “fábula fingida deu em nada”, à fabula inventarium godoyana (outra fabula fabulare) engendram-se os dias, peça por peça, como se na constante de uma semeadura de cotidianos e idiossincráticos cristais. este produto só vem a dizer que é preciso reencontrarmos/descobrirmos Godoy.