A ascensão e a queda de Jango continuam abrindo feridas: o golpe foi articulado pelos Estados Unidos? O Brasil estava mesmo à beira do comunismo em 1964? As marchas da Família com Deus pela Liberdade foram fomentadas e financiadas pelos americanos? O golpe foi planejado minuciosamente com muita antecedência? O estopim da derrubada de Jango foi a reforma agrária? A repressão violenta e despudorada teve início logo depois de 31 de março, com prisões, mortes e tortura? A guerrilha seria apenas uma reação à ditadura? Como agiu a imprensa? Jango viveu no exílio a dor insidiosa da saudade. Morreu na Argentina sonhando em voltar para casa. Dois uruguaios, Foch Diaz e Ronald Mario Neira Barreiro, surgiram quase do nada para levantar suspeitas sobre as condições da sua morte. O que os liga? Foch sustentou a hipótese da “morte duvidosa”; Neira apresenta-se como “réu confesso” – afirma ter sido agente secreto uruguaio e participado da Operação Escorpião para eliminar Jango por meio de uma ardilosa troca de medicamentos. Juremir Machado da Silva entrevistou dezenas de pessoas que conviveram com Jango, leu mais de dez mil páginas de documentos, processos, investigações, relatórios de CPIs, sentenças das justiças brasileira, argentina e uruguaia envolvendo o caso Goulart, relatórios do SNI, informes dos serviços de espionagem dos países onde Jango viveu, dossiês secretos e papéis do STF. Teve acesso a cartas inéditas de Jango, foi às prisões de segurança máxima do Rio Grande do Sul conversar com supostos protagonistas dos fatos e pôde vasculhar o livro inédito e os arquivos de Neira Barreiro, figura decisiva da trama em foco. Em ritmo de novela policial, este livro desmonta narrativas e fala de mortes em condições misteriosas e articulações inquietantes. Na história recente do Brasil, há cadáveres no armário. O tempo das exumações chegou.