É com satisfação que vejo Joaquim Manuel de Macedo, ou os dois Macedos agora incorporado à nossa bibliografia crítica como livro que, de fato, renova a visão tradicional a respeito de Joaquim Manuel de Macedo. Devo acrescentar que, em matéria de bibliografia, Tania Serra realizou por conta própria um levantamento exaustivo de livros e publicações esparsas (...) de que nem eu nem certamente os nossos historiadores e críticos tinham qualquer conhecimento. É esse o primeiro mérito de um livro cuja bibliografia já é, nela mesma, um trabalho modelar de pesquisa universitária, repositório de consulta obrigatória e utilíssima daqui por diante. Daqui por diante (...) O "defeito" deste livro é ser definitivo e insubstituível , além, creio eu, de ser irretocável, tornando assim antecipadamente redundantes quaisquer trabalhos que ainda venham a aparecer sobre o romancista. Se os do passado menosprezaram Macedo sem realmente conhecê-lo e apenas á fé do que Romero dissera (...) sem realmente conhecê-lo tampouco, os dos futuro só poderão valorizá-lo com justiça passando por este livro. É a ambição suprema a que podem aspirar todos os autores de obras congêneres. Quanto a isso, Tânia Serra pode se orgulhar não só por haver escrito uma obra instantaneamente clássica, mas, ainda, por propor o modelo por assim dizer obrigatório para o que deve ser feito a respeito de outros escritores. Graças a esta documentação e brilhante reconstituição histórica, aqui está a figura de um escritor avançado para o seu tempo, observador realista da vida social e política, revolucionário no que se refere à posição da mulher e do dinheiro, crítico agudo e sardônico das instituições e dos costumes. Houve, de fato, dois Macedos, mas ele foi, acima de tudo, na expressão feliz de Tania Serra, a luneta mágica do II Reinado.