Um relato de pesquisa de campo, realizada nas bordas urbanas da Região Metropolitana de São Paulo entre 2018 e 2019, é apresentado nas páginas dessa obra. O objetivo de compreender como jornalistas profissionais à frente de iniciativas comunicacionais nas periferias produzem um jornalismo plural que revela a polissemia e a polifonia da urbes é perseguido nessa investigação. Como representação desse movimento de pesquisa, a narrativa é elaborada a partir do diário de campo que se torna mandatário e organizador da reflexão. Assim, partindo da chamada observaçãoexperiência, a autora revela algumas das características desse fenômeno jornalístico contemporâneo. A experiência do contato com jornalistas que atuam em diversas frentes de produção nas periferias da maior macrometrópole do Brasil é a espinha dorsal do trabalho apresentado. Investigase um jornalismo profissional, produzido por sujeitos que narram a polifonia e a polissemia dos territórios distanciados dos centros da metrópole, capaz de evidenciar a pluralidade que conforma as bordas urbanas. Imbuídos de conhecimento técnico e experiência de vida, esses jornalistas – transformados em sujeitos da pesquisa – encontram na resistência cotidiana alternativas para manter essa prática comunicacional. Compreender como esses profissionais produzem e viabilizam inúmeras atividades, em rede inclusive, nos territórios periféricos é o objetivo mobilizador do trabalho narrado neste livro. Muito mais do que um fenômeno jornalístico pontual e com data de validade, o jornalismo das periferias parece ganhar cada vez mais musculatura e ares de uma prática que finca raízes e tem provocado mudanças no ecossistema midiático. Das bordas urbanas, um relato concebido pela afetação mútua entre jornalistas e pesquisadora, entre sujeitos que compartilham a crença de que a informação é uma necessidade e a comunicação um direito humano.