Mestre da madeira, criador visionário e multidisciplinar, pioneiro do pensamento sustentável, José Zanine Caldas (1919-2001) foi um dos grandes arquitetos e designers do País em todos os tempos e uma personalidade marcante na cultura brasileira do século XX. Publicado pela Editora Olhares em parceria com a galeria americana R & Company para celebrar o centenário de Zanine, este livro revê sua trajetória a partir da pesquisa e texto de três autores: Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, professora titular de design da FAUUSP, Lauro Cavalcanti, crítico de arquitetura e diretor da Casa Roberto Marinho, e Amanda Beatriz Palma de Carvalho, pesquisadora da obra de Zanine. A publicação reúne mais de 300 imagens históricas e atuais, com destaque para ensaio do fotógrafo de arquitetura André Nazareth.Natural de Belmonte, no litoral sul da Bahia, Zanine iniciou a vida profissional como maquetista dos mais importantes arquitetos modernos no Brasil nos anos 1940. Tempos depois, ele mesmo se tornou um expoente da arquitetura nacional, com uma leitura muito particular das influências modernas e tendo como protagonistas a madeira e o saber artesanal. No design de mobiliário, conduziu a experiência da Móveis Z, fundada em fins dos anos 1940, apostando na industrialização para apoiar – e aproveitar – a difusão de um novo estilo de vida trazido pelos ventos de modernidade. Nos anos 1950, foi paisagista e teve uma loja de vasos e arranjos de flores na Av. Paulista.No final da década se mudou para Brasília para produzir in loco maquetes dos prédios da nova capital em construção. Foi professor de maquetes na UnB (bem como na USP), mesmo sendo autodidata, e inventou as flores secas do cerrado, ainda hoje um dos souvenires mais tradicionais da capital. Na década de 1970, viveu entre o Rio de Janeiro, onde praticamente inventou o bairro da Joatinga, e Nova Viçosa, no sul da Bahia, onde desenvolvia estruturas pré-elaboradas para seus projetos, que eram montadas e desmontadas antes de viajarem centenas de quilômetros para onde seriam fixadas, e onde produziu uma linha de móveis pesados e esculturas, que utilizavam a madeira descartada no processo de devastação da Mata Atlântica que acontecia na região e eram chamados de “móveis-denúncia”.