"À luz da psicanálise, este livro aborda algumas mudanças substanciais observadas no comportamento dos jovens, como consequência, entre outros fatores, do uso excessivo das ferramentas tecnológicas. O uso sem limites tem provocado uma inversão de valores: o que despontou como chance de inclusão tem enveredado para um mecanismo mais potente de exclusão – o isolamento do próprio sujeito, ou de sua relação com a cultura, seus laços sociais. Os profissionais de saúde mental têm se deparado com algumas consequências psíquicas alarmantes - que a pandemia intensificou. Por outro lado, com a pandemia, a vilania atribuída aos dispositivos móveis cedeu lugar, e os recursos tecnológicos passaram a ser um grande aliado para o atravessamento da solidão e da reclusão compulsória causada pelo distanciamento social. O presente livro pretende analisar os novos laços sociais, constituídos através das telas e fundamentados num jogo de espelhos onde predomina o imaginário, inseridos numa dinâmica hiperativa que tende a excluir a separação e o limite - conceitos fundamentais da psicanálise, e clinicamente imprescindíveis no que tange à saúde mental do sujeito. Essas questões (recolhidas da experiência com jovens aprendizes e educadores) trazem à tona um debate fundamental para a nossa cultura, irreversivelmente marcada por esses novos tempos digitais".