"Jesus sorria alegremente com a sua atitude. Depois, abraçou-o e seguiram de volta para a casa. No caminho, Judas ainda interpelou-O. E olhando-O bem perto do seu rosto, disse-Lhe: - Mestre, muito obrigado por ter-me proporcionado condições para o cumprimento da minha missão. Esperei a minha vida inteira por sua revelação. Agora que estou seguindo-O, não tenho mais dúvidas. Jesus passou as mãos nos seus cabelos e, alisando seu rosto, disse-lhe com seriedade. 'Judas, você ainda não cumpriu sua missão. Ela ainda não lhe foi revelada. Aquilo explodiu como uma bomba na sua cabeça. Por instantes ficou em silêncio, tentando entender o significado das palavras do Mestre. Depois de algum tempo, conseguiu falar: - Não entendi Mestre! - Lembra-se quando o escolhi para ser meu apóstolo e chamei-o de especial? Pois bem, disse-lhe que era especial por ser o responsável pela bolsa. Entretanto, essa não é a causa principal. Não menti, apenas quis evitar um descontentamento aos demais. O principal motivo do seu privilégio é que você será o responsável por libertar o homem que me reveste e liberar a divindade que me habita'". Esta é apenas uma pequena passagem desta sensacional obra de ficção do escritor Zel Pinto que, utilizando uma narrativa envolvente, procura resgatar a imagem de traidor, atribuída pelas várias crenças e instituições, especialmente a Igreja Católica, a Judas Iscariotes.