Tem sido um dos temas clássicos da filosofia moral contemporânea avaliar os impactos do pensamento ético da modernidade. Tradições rivais buscam justificar avanços, ou apontar problemas, estabelecendo limites e potenciais para o tratamento do tema da Justiça. Tendo promovido uma verdadeira revolução na forma de se compreender a moral, a ética e o direito, poucos autores influenciaram tanto o campo jurídico na história do pensamento ocidental quanto Kant. Este livro analisará o impacto da sua reflexão moral, buscando delimitar ganhos e perdas advindos da complexidade do seu pensamento, em um percurso guiado pelo criticismo reformista de Jürgen Habermas e pela potente articulação entre moral, política e estética kantiana, feita por Hannah Arendt. A partir da análise de Habermas, de que Kant teria construído uma moralidade sem agência, desprovida de capacidade de julgamento e desassociada das grandes tradições intelectuais, este trabalho buscará entender como o corpus do filósofo reagiu ao centro dessas críticas. Cotejando essa posição com a leitura de Arendt e de diversos comentadores do pensador, essa obra faz uma análise cuidadosa dos elementos centrais da moralidade transcendental, estabelecendo diálogos que revelarão problemas do pensamento do autor, ao mesmo tempo que tensionarão a obra kantiana à atualidade do campo moral, marcado pelas transformações ocorridas por conta da virada linguística.