Como um gesto de gratidão por décadas de convívio com a Filosofia, com a obra de Søren Kierkegaard e com tantos amigos amáveis e inteligentes (destacando-se a parceria de trabalho com Else Hagelund), devo agora disponibilizar a um eventual público leitor alguns dos resultados das pesquisas dos últimos anos, girando todas elas ao redor do pensamento alegre, vivaz, irônico, em suma, brincalhão, e não apenas profundo e melancólico, do grande escritor ou autor religioso que foi aquele indivíduo de Copenhague, além de filósofo, psicólogo, teólogo e literato.
Os temas e o modo de tratamento dos capítulos, reunidos no presente volume, variam bastante, uns discorrendo academicamente sobre obras e teses filosóficas, outros talvez até abusando de dicionários especializados para por à vista os alicerces e os andaimes da construção de nossas traduções, um reproduzindo simplesmente em nossa língua materna as anotações dos Papirer de Kierkegaard sobre um aparente antípoda, como Schopenhauer, e outro discorrendo sobre o contexto familiar daquele pensador, para, com a ajuda da figura materna, tentar desfazer uma série de preconceitos tolos que ainda persistem em nossa literatura. Uns capítulos discutem as apropriações filosóficas das grandes ideias do universo existencial, por Kierkegaard e dele. Outros textos servem ao objetivo atual de divulgar ideias contidas nas traduções (diretas do dinamarquês) que estão surgindo, no Brasil e em Portugal, nas últimas três décadas.
Alvaro L. M. Valls