Kollontai e a revolução: escritos sobre amor e luta é uma seleção de 12 textos (1907-1927) escritos no calor da luta de classes por Alexandra Kollontai no período de estudos teóricos e intervenções políticas que compreendeu o processo da Revolução Russa. O livro foi organizado por Annabelle Bonnet, Renata Couto Moreira e Maísa Prates do Amaral, integrantes do grupo Feminismo e Marxismo, como contribuição da tradição marxista sobre a questão de gênero. A antologia reúne textos clássicos da socialista feminista Alexandra Kollontai, como o conhecido artigo O amor e a nova mulher, e outros menos populares no Brasil, mas de grande influência na opinião pública russa, como Sociedade e maternidade, marcados pela necessidade de responder aos problemas da vida proletária, como a igualdade de direitos entre homens e mulheres na família, no trabalho e na sociedade, o cuidado e a educação dos filhos, o direito ao divórcio, a saúde das mulheres e a maternidade, o amor livre, o amor camaradagem, o direito ao aborto, entre outros. Para estabelecer uma relação dos textos com seu período histórico, as organizadoras dividiram o livro em quatro partes: 1) “Fundar um feminismo que seja nosso”; 2) “Capitalismo e maternidade proletária”; 3) “As mulheres e a transição ao socialismo”; e 4) “Construir a memória do feminismo classista”. Abarcando os temas candentes dos anos iniciais do século XX, com a expansão do movimento feminista liberal na Rússia e o avanço do trabalho feminino nas fábricas, os textos selecionados colaboram para a compreensão teórica das relações entre exploração econômica e opressão de gênero e as questões concretas vividas pelas revolucionárias no processo da Revolução de Outubro. Como destacam as organizadoras, Kollontai e a revolução é um convite para a reflexão e a ação coletiva rumo à construção da “nova mulher”, de novas relações de produção e reprodução e de novas formas de afeto e sociabilidade do “amor verdadeiro” contra a forma capitalista patriarcal.