LES COURANTS HISTORIQUES EN FRANCE

A operação histórica não pode mais ser ingênua. Há já alguns anos que a história se olha para trás para questionar as noções em uso, o que implica, tanto por parte do autor como do leitor da história, questionar o que fazer com ela.

Cada vez mais sentimos a necessidade de um desvio historiográfico para melhor compreender o que constitui a originalidade, a singularidade da prática histórica. Compreendemos então a pluralidade irredutível da história ao levar Clio para o outro lado do espelho numa abordagem essencialmente reflexiva.

O objectivo deste trabalho é, portanto, convidar o seu leitor a um percurso que o leve a questionar o lugar central atribuído à história desde a grande descontinuidade simbolizada pela Revolução Francesa de 1789 até aos dias de hoje.

Este percurso abrange dois séculos, o século XIX e o século XX, e faz com que a história pareça estar situada na encruzilhada de três dimensões: é produto, por um lado, de um lugar social marcado pela instituição histórica e, mais amplamente, pela sua relação com o corpo social; por outro lado, a história é mediada pela técnica, pelos procedimentos analíticos e pelas práticas científicas; por fim, a história é escrita, o que implica estar atento às regras discursivas das suas fontes e da sua enunciação, sem ficar preso à dimensão única da linguagem.

Esta viagem pretende assim dar conta de um processo de empoderamento - teórico, profissional, institucional - da disciplina histórica em França, tanto nos seus avanços como nas suas incertezas. Este processo é também o da luta incessante dos historiadores para defender o objectivo da verdade de um “fazer história” plural, cada vez mais confrontado com as pressões das exigências sociais e com as renovadas exigências da sua responsabilidade social.

Christian Delacroix, professor associado de história, leciona história contemporânea na Universidade de Marne-La-Vallée.

François Dosse, professor associado de história, professor universitário, IUFM de Versalhes.

Patrick Garcia, professor associado de história, docente do IUFM de Versalhes.

Os três coeditam a revista Espaces Temps e são investigadores associados do IHTP (Instituto de História dos Tempos Presentes).


O nascimento da história contemporânea. O momento metódico. O momento da história-ciência social (das décadas de 1920 a 1940). A história social do “estilo francês” em seu auge: Labrousse/Braudel. Expansão e fragmentação: a “nova história”. Uma crise da história? (1980-1990).