Convocamos o leitor a uma comunhão de sentidos, que perpassam as reflexões propostas nos ensaios desta obra. Nos versos de Pessoa, que apontam as ressonâncias da saudade, impõem-se a potência da palavra como um símbolo de pertencimento nos espaços da cultura marcados sempre pela diversidade. A palavra também faz o sentimento existir e, pela palavra, as dimensões do local e do global se complementam. Conhecer as palavras do Outro é permitir-se o conhecimento mais profundo de si; é experimentar os ritmos dos diferentes falares; é provar suas metáforas; é sentir-se acolhido em língua própria e alheia. Como assinala José Ortega y Gasset, abrir-se para a compreensão da nossa circunstância é uma forma de salvar-se, uma vez que na compreensão das esferas amplas e complexas que delimitam as culturas plurais, somos capazes de reconhecer nossas singularidades e, assim, aceitar os desafios da convivência e da tolerância. E, por fim, quando Paulo Freire assinala que “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”, percebemos que na expressão das atividades humanas, concretizadas em espaços materiais e simbólicos, se revelam as marcas das especificidades da memória social e das tradições, afinal as marcas da discursividade que remontam ao conceito do Humano. Com efeito, a palavra e a ação-reflexão têm acompanhado a construção dos intercâmbios acadêmicos que sustentam o CDT Linguagens, Sociedades e Culturas, contribuindo para um exercício constante e profícuo das travessias do conhecimento em espaços delineados pelas diferenças, mas marcados por ideais comuns.