Chacina de Vigário Geral. Chacina da Candelária. Chacinas todos os dias nas periferias de São Paulo. Mortes no sertão. Mortes no mundo. O que é, para que é, quais as conseqüências de tanta violência? Em 'Linguagens da violência', uma coletânea de artigos elaborados por estudiosos brasileiros e estrangeiros, que se dedicaram a um acurado estudo do problema, analisa questões fundamentais para a compreensão atual do fenômeno da violência. Organizado pelos pesquisadores Carlos Alberto Messeder Pereira, Elizabeth Rondelli, Karl Erik SchÆ llhammer e Micael Herschmann, os textos de Linguagens da violência partem de diferentes abordagens teóricas. Entre outras discussões, os autores analisam o papel da mídia como espaço de debate e no qual a violência se transforma em espetáculo; o lugar ocupado por jovens na "nova ordem social brasileira"; marchas e contramarchas da luta política contemporânea na América Latina; e as representações da violência no Brasil e no conjunto da cultura contemporânea. Autora do ensaio "Violência urbana e constituição de sujeitos políticos", Suely Souza de Almeida busca discutir o significado do lugar central ocupado pela mulher nos movimentos de protesto decorrentes das chacinas de Acari, Candelária e Vigário Geral. Segundo Suely, uma das conseqüências desses atos de arbítrio de policiais civis e militares foi a emergência de mulheres na cena pública, como no caso das Mães de Acari. "Tais mulheres promovem investigações paralelas às oficiais, confrontam e desafiam as forças policiais, tornam-se interlocutoras do Poder Judiciário..." No ensaio "Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência", o ex-Subsecretário de Pesquisa e Cidadania da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Soares, afirma não haver sentido, hoje, em voltar à idealização romântica e simplista dos anos 60, quando era comum atribuir ao criminoso funções políticas nobres.