A história da industrialização brasileira – do desenvolvimentismo entre as décadas de 50 e 70 – não a partir do ponto de vista dos patrões e dos tecnocratas, mas da experiência dos trabalhadores. Antonio Luigi Negro, professor de história da Universidade Federal da Bahia, analisa em Linhas de Montagem, novo lançamento da coleção Mundo do Trabalho, os temas clássicos dos estudos sobre o trabalho (política, economia, instituições, classes sociais, greves). Narra e explica a história de greves, da organização sindical e da repressão à luta dos trabalhadores, dentro de um contexto essencial para a compreensão das relações capital versus trabalho no Brasil: a indústria automobilística do ABC paulista. Negro retoma momentos importantes, como a Greve dos 400 mil em 1957 e a luta operária durante a ditadura militar. A partir de extensa pesquisa arquivos do Deops, de empresários e de jornais da época, reconstrói as alianças entre as direções das empresas e a polícia na repressão ao movimento, os depoimentos dos operários no processo de construção da identidade e solidariedade coletiva, e as relações com os partidos e correntes comunistas. Linhas de Montagem recompõem a história do país não como a trajetória de alguns poucos empresários, ou de planilhas frias do crescimento econômico do período, mas como a história da classe dos trabalhadores, das mais diversas origens, que construíram de fato a industrialização do país.