Álvares de Azevedo é representante importante da poesia ultra-romântica no Romantismo brasileiro. Faz parte daquela galeria de poetas acometidos do chamado spleen, sentimento de melancolia e tédio que caracterizou a segunda geração romântica no Brasil; profundamente influenciada por Byron e Musset, faz-se questão de ressaltar. Entretanto, ler a Lira dos Vinte Anos é certificar-se de que só isso não explica o poeta. O jovem Álvares é um leitor ávido desde cedo. O moço, que morreu com 21 anos incompletos, lera muito, e em sua obra acha-se impressa essa marca de sua cultura precoce. Impressiona na Lira dos Vinte Anos, um livro pode-se dizer de adolescente, o conhecimento que demonstra ter de obras significativas da literatura clássica. Lira dos Vinte Anos é obra que, além dos poemas sentimentais do ultra-romantismo, apresenta poemas de caráter irônico, prosaicos e trocistas; também a autocaricatura, o riso lançado sobre si mesmo e até sobre a poesia, poesias narrativas e teatrais formam o universo poético desta obra. Toda essa variedade é traço novo na literatura de então, e representa a inauguração na literatura brasileira de uma estética que somente no modernismo assumiria sua configuração definitiva. A Lira revela ademais o pendor mordaz e a consciência crítica de que o poeta já se achava investido, embora a pouca idade.