Para György Lukács, o humanismo é condição para a figuração literária do homem real. Ao figurar o homem real, o escritor rompe a casca fetichizada do capitalismo e desmascara a degradação. Desse modo, reflete concretamente em sua obra uma revolta contra a desumanização capitalista, até mesmo a despeito de sua consciência. Nisto se resume o verdadeiro partidarismo da arte. Contudo, em termos literários, essa figuração se realiza apenas pela criação de uma ação verdadeira. Pela ação pode a arte cumprir a sua missão desfetichizadora, na medida em que dissolve o mundo numa viva ação recíproca dos próprios homens: “A profundidade da intuição estética, da aproximação realista à realidade, é sempre constituída – qualquer que seja a concepção de mundo formulada pelo escritor em termos de pensamento – pelo impulso a nada aceitar como resultado morto e acabado e a dissolver o mundo numa viva ação recíproca dos próprios homens. Portanto, todo realismo verdadeiro implica na ruptura com a fetichização e com a mistificação.” Nesta apreensão estética, entrevemos a aproximação de Lukács a Marx, pelo reconhecimento de que o mundo humano objetivo e subjetivo é produzido pela ação humana.