Compor sonetos é adentrar um mundo de tradição e técnica, porém também de ousadia literária. Desde que foi criado, conta-se que por Petrarca, no século XIV, esse modelo de composição poética passou a fazer parte da trajetória de cada grande poeta durante todos os períodos e escolas, de Shakespeare, Camões e Manuel Maria du Bocage a Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto e Vinicius de Moraes. Porque o soneto depreende requinte e engenho de máxima beleza e precisão. Não diferente destes, André Boniatti, com sua vasta experiência no mundo da literatura e sua precisão estilística, traz-nos contemporaneamente um livro inteiro composto por sonetos de variadas técnicas, enfatizando o amor e a magia, mas também a dor e a decepção, a tradição e o rompimento com ela, a amplitude e a concisão. Pois desde que escreve poemas, Boniatti assombra e encanta pela propriedade que tem com as palavras e com as estruturas linguísticas, abordando temas atuais envolto pela plena complexidade de uma alma amante e andarilha, em busca de realização, da compreensão de si e do mundo a sua volta. Assim, faz-nos também partilhar dessa busca e do seu encontro com a vida, motivo de toda arte.