O primeiro livro da humanidade Quem exatamente teria escrito este livra e a quem se destinaria? Para certos estudiosos mais céticos não se trata de um livro destinado a todos, mas sim produzido pelos sacerdotes para o povo egípcio, isto é, a massa religiosa comum. Com isto o clero cumpria sua função de orientadores religiosos - fomentando e consolidando crenças -, preservava a estabilidade de seu poder religioso e político e garantia enormes lucros financeiros com o vantajoso negócio da mumificação e o fornecimento dos acessórios materiais que deviam acompanhar o morto, inclusive as próprias cópias do Livro dos Mortos. Outros, ao contrário, vêem no Livro dos Mortos pouco ou nada para religiosos ordinários, profanos e ignorantes - a linguagem narrativa do morto, apesar do estilo grandiloqüente, imperioso e persuasivo, marcantemente "auto-promocional", esconderia um conteúdo hermético na verdade destinado aos iniciados, eleitos e eventuais futuros sacerdotes. Quem sabe a própria narrativa de O Livro dos Mortos não fosse a das experiências fora do corpo de um iniciado em projeção astral ou mesmo um hierofante que, simulando a morte física, ensinava e provava o fato da imortalidade ou da existência de um princípio espiritual? Um terceiro partido opta pelo ecletismo, entendendo que as duas visões anteriores não são mutuamente excludentes, mas sim harmonizáveis . Para estes, o Livro dos Mortos tem dupla face, exotérica/esotérica, dirigindo-se ao mesmo tempo a devotos ordinários e iniciados eleitos, numa redação genial e propositalmente ambígua que pode ser captada literal e superficialmente pelo vulgo e interpretada profundamente pelos estudiosos do oculto.