Há uma tendência histórica em estereotipar mulheres — traduzi-las em formatos específicos, rotulá-las e julgá-las. É como se no processo se desumanizasse a individualidade do ser para reduzir sua complexidade aos anseios de outrem. A bem da verdade, é frustrante, limitante, desrespeitoso e tem sido bastante natural.
De tanto escutar, absorvem-se formas como se fossem próprias… Os modelos são variados, mas possuem em comum o fato de jamais serem o bastante senão para se tornarem alvos de críticas e repreensões. Não há possibilidade de acerto quando a medida é, na verdade, armadilha. Ignorar os estereótipos, os rótulos e as expectativas, não faz com que desapareçam. Sua ruína depende de confronto. E é isso que este livro propõe a fazer. Textos que destruam os estereótipos com os quais mulheres têm sido obrigadas a conviver há anos e revelem que Lugar de Mulher é o mundo que existe dentro e fora de si.
Lugar de Mulher é uma antologia escrita por mulheres sobre estereótipos – rótulos, expectativas, proibições, armadilhas opressoras etc. – com os quais conviveram a vida toda. Alguns deles, tão naturalizados, não são sequer reconhecidos, não são sequer considerados prejudiciais ou discutidos. E, por consequência, são perpetuados. A verdade, porém, somente ao enxergar as prisões, pode-se lutar contra elas. É reconhecendo onde estão as grades que se iniciam as buscas pelas chaves. É preciso conhecer suas asas para poder voar. Lugar de Mulher nos apresenta algumas dessas dores, nos inflama contra elas e nos inspira a derrotá-las.