Entre os incontáveis mistérios que cercam o período da ditadura civil-militar no Brasil (1964-85), a ocultação dos arquivos secretos da repressão é um dos mais controversos. Desde a volta da democracia, em 1985, sucessivas tentativas de abrir os arquivos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica foram feitas pelo Ministério Público e pela Justiça. Mas a resposta dos militares era sempre a mesma: foram destruídos e não há vestígio deles em nenhum setor das Forças Armadas. Nesta brilhante reportagem investigativa que inaugura a coleção Arquivos da Repressão no Brasil, Lucas Figueiredo mostra que não é bem assim. O jornalista teve acesso a um conjunto de microfilmes do Cenimar - o temido Centro de Informações da Marinha. O material foi examinado por peritos da Biblioteca Nacional, que atestaram sua autenticidade, e analisado por historiadores renomados, que foram unânimes quanto a sua importância. Os documentos não deixam dúvida: os militares sempre souberam mais do que revelaram. Desde o início, tinham registros precisos sobre o destino de presos políticos tidos como “desaparecidos”, mas na realidade mortos pela repressão. Ainda existem registros desconhecidos sobre o período? Por que os militares insistem em ocultar seus arquivos, mesmo passados trinta anos do fim do regime ditatorial? Por que, de Sarney a Dilma, nenhum presidente civil do pós-ditadura obrigou a Marinha, a Aeronáutica e o Exército a abrir seus arquivos secretos? O que esse impasse diz sobre o poder das Forças Armadas e a democracia no Brasil de hoje? Eis algumas perguntas que este livro procura responder. Farto em informações inéditas e escrito com agilidade e precisão, Lugar nenhum revolve feridas abertas e traz à luz uma página sombria da história brasileira.