Em Marta Abba, Pirandello encontra uma intérprete à medida plena de seu teatro. Com extrema mobilidade expressiva, capaz de mudar de um estado emotivo a outro sua identificação com as figuras fantásticas criadas pelo dramaturgo, ela reveste no seu semblante a persona e a máscara que a dramaturgia de Diana e Tuda e a de Os Gigantes da Montanha projetam como investimento deliberado numa atriz. Esta, sob as feições de seu modelo, irrompe impositivamente na cena, instaurando um olhar inusitado, senão novo, na especificidade teatral. Assim, nessa incorporação real de uma atriz em seus papéis, materializa-se a união concreta da projeção dramatúrgica do texto e a atualização no desempenho cênico, aqui e agora. O inverossímil transmuta-se neste encontro e com esta transitividade no verossímil artístico, esteio de sua realidade estética. A relação autor-intérprete consubstancia-se por esta confluência em figuras, ações e situações que, independentemente dos desafios que lançam ao chamado ´senso comum´, firmam-se como incontestáveis e tangíveis verdades estéticas aos efetivos espectadores nas salas do teatro, como argumenta, e com razão, Martha Ribeiro, em seu convincente estudo deste teatro pirandelliano.