O livro Luiz Gama: antologia, organizado por Enid Yatsuda Frederico e Cláudia de Arruda Campos, traz artigos e escritos de Luiz Gama publicados em jornais da época, selecionados a partir das ideias que defendeu a vida inteira e da prática que o tornou conhecido de seus contemporâneos – a liberdade dos escravizados e o advento da República. Luiz Gama foi finalmente foi reconhecido como um talentoso advogado, jornalista e escritor que lutou incessantemente na defesa dos escravizados. Recentemente, foi distinguido com honrarias que fez por merecer: em 2015, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) o reconheceu como advogado (era “advogado provisionado”, rábula); em 2017, a Faculdade de Direito da USP, a do Largo São Francisco, batizou uma das salas com seu nome (tradicionalmente, apenas professores eméritos e catedráticos da universidade tinham esse direito); e, agora, em 2021, a USP lhe outorgou o título de Doutor Honoris Causa. Como Gama era dado a fazer versos, tinha “o vezo da arte”, como ele próprio dizia – essa obra traz também uma seleção de poesias de seu primeiro livro publicado, Primeiras trovas burlescas de Getulino, nas quais se “acentua a saliente voz negra diante do mundo”, adotando “o humor como instrumento de reversão do olhar crítico, algo que inclui a sátira, mas também uma espécie de humor homenagem”, nas palavras do prof. Sílvio Roberto dos Santos Oliveira. “Que mundo? Que mundo é este? Do fundo seio d’est’alma Eu vejo… que fria calma Dos humanos na fereza! Vejo o livre feito escravo Pelas leis da prepotência”