LUZ VERDE

Ando nesta vida há 50 anos, comecei a tentar decifrar os seus enigmas há 42 e a registar em diários as pistas desses enigmas nos últimos 35. Guardei apontamentos sobre sucessos e fracassos, alegrias e tristezas, coisas que me deixaram maravilhado e coisas que me fizeram rir às gargalhadas.
Foram 35 anos a compreender, recordar, reconhecer, reunir e anotar aquilo que me comoveu ou excitou pelo caminho. Como ser justo. Como ter menos stresse. Como me divertir. Como magoar menos os outros. Como ser menos magoado. Como ser um homem bom. Como conseguir aquilo que quero. Como encontrar sentido na vida. Como ser mais eu.
Por fim, lá arranjei coragem para me sentar com esses diários. Encontrei histórias, lições, poemas, orações, receitas, crenças sobre o que é importante e uma data de bumperstickers. Encontrei formas de abordar a vida que me trouxeram maior satisfação: se conseguires relativizar o inevitável, podes viver um estado de sucesso a que chamo “apanhar todos os sinais verdes”.
Assim, juntei esses diários e comprei um bilhete só de ida para um confinamento solitário no deserto e comecei a escrever.
É uma carta de amor. À vida.
É também um guia para apanhar mais luzes verdes, e para perceber que os sinais amarelos e vermelhos mais cedo ou mais tarde também acabam por ficar verdes. Por defeito e de propósito.