Tal como aconteceu no resto do país, também no Porto a associação da actividade maçónica ao republicanismo ajudou a expandir, na «fase da propaganda», os ideais da
República, preparando a instauração do novo regime e tornando-se, depois, um importante pilar da construção do poder republicano, quer ao nível central quer na actividade autárquica. Ao longo do período conturbado da Primeira República, como nos revela Paulo Almeida, o crescimento das lojas maçónicas da cidade reflectiu-se na extensão das suas redes de influências e cumplicidades no «mundo profano».
O autor busca também conhecer o funcionamento dos espaços de sociabilidade republicana, em especial os Centros Republicanos, onde se jogava uma forte influência das redes maçónicas, bem como a estrutura e o funcionamento das lojas, enquanto espaços de ritualização, formação e sociabilidade dos seus obreiros. A análise mais fina de alguns case studies, nomeadamente das lojas «Libertas» e «Progredior», permitiu aprofundar a compreensão de aspectos essenciais da actividade dessas lojas e sua fundamentação ideológica, como evoluíram no período da Primeira República, os obreiros que mais se destacaram no «mundo profano», não só personalidades notáveis do republicanismo mas também diversos militantes socialistas, ou ainda as principais preocupações sociais e políticas, soluções apontadas e projectos e iniciativas de intervenção cívica.
Por tudo isso, este estudo de Paulo Almeida constitui um bom contributo para o conhecimento da Maçonaria na cidade do Porto no período da Primeira República, abrindo, simultaneamente, muitas portas para novas investigações.