Nos últimos anos foram lançados diversos livros sobre a máfia italiana, tanto de ficção quanto de não ficção. Destaque para Gomorra, de Roberto Saviano. Faltava, porém, um que dissecasse a presença dos criminosos e sua rede de atuação ao redor do mundo. Com Mafia Export, de Francesco Forgione, a espera acabou.A ideia, segundo o autor, surgiu com a seguinte pergunta: diante dessa força econômica e dessa capacidade financeira, quantas necessidades, quantos interesses e quantas classes sociais vivem, se alimentam ou enriquecem graças à presença e às atividades das máfias? O livro traz histórias que dão uma ideia vívida e real de um fenômeno que já se tornou estrutural. Complementado com mapas da difusão das máfias italianas no mundo e das rotas das drogas, mostra o deslocamento das famílias por todos os continentes do planeta.Forgione prova que o faturamento anual da ’ndrangheta, da Cosa Nostra e da camorra é de cerca de 130 bilhões de euros, sendo superior ao PIB de três pequenos países europeus, e considerando-se que quase 10% da população ativa no sul da Itália trabalha na “indústria mafiosa” —, não há como não se espantar.“Uma espécie de atlas geocriminal do único produto Made in Italy que não conhece crises, mas que nas crises econômicas e sociais e em todas as grandes passagens de época do velho e do novo século teve a capacidade de se renovar, de criar e de afirmar novas marcas, de conquistar novos territórios e novos mercados.” (p. 41)No Brasil, tem-se a ‘ndranguetta no Rio de Janeiro, em Brasília e em Fortaleza. Já a camorra e a Cosa Nostra estão estabelecidas somente na cidade fluminense.