O Mandarim inicia uma colecção destinada a publicar as obras de Eça de Queirós numa nova edição, que oferece ao público textos fixados em função de um estudo comparativo das várias edições existentes. O leitor, terá assim acesso, em edições correntes, ao texto fixado pela edição crítica das obras de Eça de Queirós, levada a cabo pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda. O Professor Carlos Reis é o responsável pela coordenação geral, assim como pelas introduções, prefácios e notas ao texto. Publicado pela primeira vez em folhetim, no Diário de Portugal, em 1880, O Mandarim transporta-nos a Oriente, cenário exótico do imaginário queirosiano, que serve de pano de fundo à história de Teodoro, um pacato amanuense do Ministério do Reino. Vítima de uma tentação aguçada por um Diabo, a de pôr fim aos dias de um abastado mandarim chinês, Teodoro constitui-se o directo detentor de uma fortuna. Enriquece, embora viva condenado a transportar eternamente na consciência o mais corrosivo dos legados: o remorso. Empreende uma viagem «purificadora» à China, mas nem isso lhe devolve a paz que a avareza gulosa lhe havia roubado. Eça prima pela descrição simbólica e caricatural das personagens e ambientes, ao mesmo tempo que aplica a exacta pitada de sátira à condição humana.