Advogado oriundo da elite tembu. Ativista da liberdade política. Símbolo da luta contra o apartheid e a discriminação racial. Prisioneiro político com mais tempo de encarceramento da história. Primeiro presidente negro de seu país, eleito nas primeiras eleições democráticas e multirraciais. Principal arquiteto da nova África do Sul. Um dos mais importantes agentes da história do anti-imperialismo do século XX. Ícone carismático, quase um santo secular. Defensor da democracia neoliberal. Estrategista com visão de longo alcance. Ou, segundo seus críticos, exterrorista e comunista. Nelson Mandela é possível definir quem ou o que ele é? Sentenciado a 'prisão perpétua mais cinco anos' por participação na luta armada da África do Sul da segregação racial, Mandela foi durante muitos anos isolado do mundo e da mídia. Mesmo assim, tornou-se a principal figura da luta pela democracia em seu país. Após sua libertação, em 1990, tornou- se uma celebridade reconhecida no mundo todo. Recusando a simples idealização e lançando mão de uma gama completa de fontes e estudos recentes, Elleke Boehmer nos oferece mais que uma mera biografia: a autora relembra fatos e humaniza o mito. O que emerge deste retrato realista é um homem que, em prol dos interesses da coletividade, foi um hábil criador da própria imagem e arguto leitor das circunstâncias pegou em armas quando o Estado repressor da África do Sul não permitia outra forma de resistência e, trinta anos depois, convenceu os companheiros ativistas de que era o momento de conciliação. Num país traumatizado e assolado pela violência, utilizou sua habilidade política para evitar uma guerra civil (destino que se abateu sobre a maior parte dos países africanos em descolonização). Para além de seu tempo e seu país, Mandela se tornou para a comunidade global a prova de que a esperança pode triunfar, mesmo numa luta desigual, e, em última análise, entrou para a história como defensor de valores que são da ordem do dia, em qualquer parte do mundo: a democracia liberal e a tolerância.