Foi através da linguagem que Jesus cativou multidões, que Pedro converteu cerca de 3 mil almas em um único dia, que Martin Luther King Jr. inspirou os negros a marcharem, que Malcolm X encorajou os negros a se protegerem, que mulheres como Angela Davis e Bell Hooks inspiraram movimentos sociais e indivíduos ao longo de décadas, e que mães de santo acalentavam e transmitiam conhecimentos ancestrais aos seus filhos maltratados durante a escravidão. Foi também por meio da linguagem que o antropólogo Francis Galton promoveu a eugenia como ciência e disseminou a crença de que negros e indígenas eram raças inferiores, e que Hitler liderou um regime totalitário responsável pela morte de milhões de pessoas. Se alguns discursos não tivessem sido feitos, talvez algumas pessoas ainda estivessem vivas e outras não teriam lutado por sua liberdade. Esse é o grande poder da linguagem: convocar, influenciar, defender, persuadir, enganar e convencer. Por isso, erguemos nossas vozes em um manifesto coletivo que ressoa dos becos às universidades, atravessando todos os lugares onde construímos nossas vidas. Somos a carne e o osso desta nação, a alma vibrante do Brasil, os invisíveis que fazem o país andar. Carregamos nas costas a história de um povo explorado, forjado por um DNA de luta, coragem e esperança. A história das comunidades periféricas é fundamental para a história desta nação. Preservar a identidade periférica é manter viva a memória coletiva dessas comunidades, suas lutas, conquistas e contribuições para a sociedade. É um ato de resistência contra a opressão e a homogeneização cultural, uma afirmação da autonomia e dignidade das comunidades , que frequentemente sofrem com a exclusão social. Nossa resistência é essencial para desafiar estruturas de poder que tentam impor uma cultura colonizadora sobre todas as outras. Sem essa preservação, corremos o risco de apagar narrativas históricas importantes, considerando que as periferias são berços de diversas manifestações cultur