A violência e a injustiça não são produtos naturais de uma sociedade. São, ao contrário, produções culturais e, consequentemente, é justo dizer que possuem seus próprios protagonistas. Sempre que os poderes inimigos aparecem em sua multiforme figura, aparece o vulnerável como vítima desses poderes sombrios. De forma simples, pode-se dizer que as vítimas são aqueles destinados ao ciclo do "surgir e morrer". São, portanto, seres humanos que nascem "predestinados" a morrer antes do tempo, pois uma coisa é saber da inevitabilidade da morte a que todos estão sujeitos, outra é viver em uma sociedade em que a morte é antecipada. Pior coisa é morrer antes mesmo de viver! É preciso cultivar o cuidado com os vitimizados pelas diferentes injustiças e violência, criando relações de respeito, harmonia, inclusão, cuidado, justiça e paz. Nas relações sociais diárias, se perdeu a dimensão do cuidado. Não se dedica tempo cultivando as relações de amizades, de boa vizinhança, respeito e reciprocidade entre os membros familiares, não se cultiva mais o amor e a justiça entre os seres humanos. O Manual de Teologia das Minorias apresenta uma perspectiva teológica para a pastoral do cuidado com as pessoas em múltiplas situações de vulnerabilidade. Em sua vida, Jesus de Nazaré enfrentou o sistema opressor, defendeu e se relacionou com pessoas excluídas, promoveu a vida, espalhou caridade, solidariedade e privilegiou a dignidade humana de maneira abundante. A teologia cristã é, por natureza, comprometida com tais princípios e valores. A igreja, por sua vez, tem a responsabilidade de promover o reino de Deus na terra, a partir do primado do amor e do cuidado. Nesse sentido, promover o reino de Deus, em termos práticos, significa promover a dignidade humana das mulheres, negros, homossexuais, idosos, crianças, desempregados, presos, refugiados e pessoas com deficiência. Ser igreja pressupõe trazer para a esfera pública o compromisso intransigente na defesa, proteção e cuidado "dos mais peque