Muitas vezes pensamos de forma simplista no que está escancarado à nossa frente. Deixamos de ver a realidade que se descortina e que será, não raro, a base do futuro. E esse é um ponto interessantíssimo tratado no presente trabalho. Estamos verdadeiramente tocando os embriões da realidade das próximas décadas? Qual será o limite entre humanos e máquinas? O que irá nos diferenciar? Será possível criar sentimentos artificiais mediante softwares que conhecemos?
Mayane e Renan vão além de instigar, de alvoroçar essas dúvidas em nosso cérebro. No terceiro capítulo, por exemplo, eles constroem uma narrativa intimista do ponto de vista de um ser que sente racionalmente e vive afetos mediante o relacionamento com sua tutora, a qual demonstra nitidamente preocupação com seu bem-estar subjetivo. Há também a descrição de um futuro não tão agradável, nos dois primeiros capítulos, mas nada que talvez não ultrapasse a aflição dos dias atuais.
Inclua em tudo isso viagens intergalácticas, pinturas vistas a olhos nus de novos planetas e novas possibilidades, com experiências sensoriais de ultrapassagem de buracos de minhoca, via descrição de exogeografias detalhadas, com pitadas de filosofia existencialista e experiências genéticas.
Esteja em uma posição confortável, dispa-se dos padrões pré-estabelecidos, abra seus olhos e âmago para o que vai acontecer. Máquinas de Pensar talvez lhe faça titubear antes de responder no automático a uma repetida pergunta que encontramos corriqueiramente: você é um robô ou ainda não?
Jalna Gordiano
Escritora e poeta.
Pesquisadora do Nepam/Ufam-CNPq.