Do contato do jornalista Moacir Werneck de Castro com o polivalente Mário de Andrade, em sua breve estada no Rio resultou o livro Mário de Andrade Exílio no Rio, que revela aspectos inéditos da vida do famoso "papa do Modernismo". Mário viveu quasesempre em São Paulo. Em 1938, no entanto, quase aos 45 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde morou até 1941. É desta fase carioca que o livro trata mais detidamente, embora não se limite a ela. Exílio no Rio inclui, em flashback, os anos anteriores do escritor e o acompanha de volta à Paulicéia Desvairada, onde morreu em 1945. Biografia abrangente e fiel, o livro de Moacir revela o autor de Macunaíma tanto em sua intensa atividade intelectual quanto em suas crises existenciais, iluminando os meandros secretos de uma personalidade múltipla "um vulcão de complicações", segundo o próprio Mário se descrevia e fazendo-o reviver em sua "assombrosa, quase absurda sensualidade", como também se definia. É assim que Mário de Andrade é evocadono convívio alegre de uma roda de bar, em conversas noite adentro com um grupo de jovens intelectuais, e às voltas com um cotidiano de preocupações de trabalho e apertos financeiros. O escritor e o homem aparecem entrelaçados, numa narrativa que, emmomentos de emoção e dramaticidade, se desdobra num estilo leve e envolvente. A segunda parte do livro reúne 21 cartas de Mário de Andrade, compiladas por Moacir, que constituem valiosa contribuição ao acervo da correspondência do escritor paulista,parte importante de uma obra para a qual se volta em grau crescente o interesse das novas gerações.