A problemática da medicalização da vida humana tem se convertido em tema de análise recorrente na área das ciências humanas e sociais, fundamentalmente a partir das três últimas décadas do século XX. Por essa razão, e apesar da existência de um acervo científico de grande porte e de alcance internacional já produzido, as recentes pesquisas na área continuam demonstrando a vigência do tema. Isso ocorre pois ele continua renovando as perguntas, os olhares teóricos e as indagações empíricas, compreendendo também o amplo escopo de fenômenos envolvidos nos processos de medicalização.
O século XX pode ser considerado o período de maior expansão do campo de objetos de conhecimento e de intervenção da medicina científico-técnica desde suas origens, sem deixar de reconhecer a existência de antecedentes mais remotos. Nesse contexto, a medicalização da sociedade consiste, precisamente, na progressiva conversão de fenômenos sociais em objetos de olhares e práticas construídos a partir de categorias do saber médico, frequentemente por meio de processos que se apoiam na legitimidade e no monopólio conquistado pela profissão médica ao longo de sua trajetória.
Assim, o livro que ora apresentamos reúne um conjunto de textos que se debruçam sobre diversos aspectos do devir dos processos de medicalização da vida social durante o século XX no contexto latino-americano. Este material foi produzido por participantes do Ciclo 2021 dos Colóquios de Pesquisa sobre História da Medicalização, atividade organizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Profissões e Instituições (NEPPI), vinculado ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Os capítulos que compõem o livro envolvem uma diversidade de problemas e de perspectivas de análise em torno das trajetórias da medicalização da vida social em sociedades latino-americanas do século XX. Esses trabalhos são resultados de pesquisas desenvolvidas por doutorand