Nos últimos 30 anos, a história da medicina e da saúde na América Latina e no Caribe tornou-se um importante campo de pesquisa, parte de um grande florescimento mundial da história social e cultural da medicina e dos estudos nas áreas de ciência e tecnologia. Com tantos novos trabalhos históricos, há uma necessidade cada vez maior de se fazer um balanço e promover um diálogo nesse campo. Este livro, então, propõe uma abordagem histórica sobre a saúde pública, entrelaçada com a medicina, com a pesquisa médica e com temas sociomédicos, concentrando-se nas práticas de saúde inovadoras que têm sido realizadas, com tanta frequência, na América Latina. O percurso do livro começa com as práticas médicas afroamericanas e europeias antes do contato entre as duas civilizações e segue até os tremendos desafios na área da saúde enfrentados pelas comunidades latino-americanas durante o século XXI. Nesse percurso, destaca-se o “pluralismo médico” característico da terapêutica latino-americana, assim como as ideias de “cultura da sobrevivência” e “saúde na adversidade”. Demonstra-se que a região não foi simplesmente passiva e imitativa, que seu passado não foi feito apenas por meio de estímulos externos. Ao contrário: os atores históricos locais tiveram um papel mais autônomo do que se imaginava e, muitas vezes, houve dissonância com ortodoxias científicas estrangeiras, da qual resultaram discursos e práticas sanitárias alternativos.