A quem realmente serve a nossa medicina? Quais são os interesses que, de fato, determinam as decisões na área da saúde? O conflito surgido com a implantação repentina do programa Mais Médicos, entre o Governo Federal e as entidades de representação da classe médica, só reforça a ideia de que o paciente talvez não seja verdadeiramente o foco da questão. Luiz Vianna Sobrinho - médico cardiologista - lança Medicina Financeira - A ética estilhaçada, pela Garamond. Na obra, o pesquisador questiona se, na vida real, o principal objetivo da medicina contemporânea é de fato o paciente. Para Vianna, este é substituído pelo médico, pelo hospital, pela ciência, pelo plano de saúde, pela sociedade, ou, quando muito, pelo cliente consumidor. Todo esse desvio ocorre em uma atmosfera já marcada pelo impacto do avanço tecnológico, agora agravado pela financeirização da medicina, com uma mais profunda e perversa deterioração da relação entre médico e paciente. O autor analisou como cada um desses componentes tem prioridade em relação ao paciente no sistema de atenção à saúde. Provocador, Vianna questiona e até ironiza a prática médica atual. 'O paciente, essa peça fundamental para a existência da medicina, como uma engrenagem sem a qual todo o sistema não funciona, até porque justifica toda a existência do próprio sistema - e em seu nome são levantadas todas as justificativas de resoluções de condutas, principalmente as mais conflituosas - definitivamente, não funciona nem como motivo condutor das ações individuais, nem como finalidade global do sistema', afirma Vianna.Depois de mais de vinte anos de observação e prática profissional, o médico se debruçou em pesquisas acadêmicas para examinar a doença da medicina contemporânea. O diagnóstico a que chegou aponta para a falta de uma matriz para a já tão enfraquecida ética médica.O livro Medicina Financeira - A ética estilhaçada é dividido em uma introdução conclusiva e seis capítulos: 'Para o médico', 'Para o hospital', 'Para o seguro-saúde', 'Para a ciência', 'Para o cliente e a sociedade' e 'A conta não fecha'. O prefácio do livro é assinado por Paulo Amarante, Pesquisador Titular da Escola Nacional de Saúde Púbica Sergio Arouca ENSP/Fiocruz) e Editor Científico da Revista Saúde em Debate. Já o texto da orelha ficou a cargo de João Gonçalves Barbosa Neto, Ouvidor da Fiocruz.