Melanie Klein só desenvolveu as suas concepções mais originais a partir de 1932. A riqueza e a fecundidade das ideias que então formula só podem ser comparadas ao que a própria obra de Freud propõe. Mas por não ter cessado de reelaborar suas teorias à medida que ia confrontando-as com as realidades clínicas é que ela nos desconcerta e com frequência é julgada como obscura. Estabelecer aquilo que verdadeiramente disse, quando, como e por que o enunciou, tal é o objetivo da presente obra. Jean-Michel Petot estuda primeiramente a formação da teoria da posição depressiva, concentrando-se, em especial, nas noções de objeto interno, de mundo interior, de resistência maníaca e de identificação-introjeção do objeto bom, nos termos em que Melanie Klein os concebe entre 1934 e 1946. Num segundo momento, o autor mostra como aprofundamento da clínica dos mecanismos esquizoides - clivagem e identificação projetiva - orienta progressivamente a atenção de Melanie Klein para a relação arcaica com o seio bom que se estabelece no curso do primeiro trimestre da existência da criança. Para acabar com o preconceito segundo o qual ideias kleinianas forneceriam do psiquismo do lactente uma imagem totalmente irreal, o autor dedica dois capítulos inteiros à demonstração de sua convergência com as concepções de Jean Piaget e com os resultados de trabalhos experimentais recentes.