A história de um velho cronista e crítico musical que, em seu aniversário de 90 anos, pretende presentear a si mesmo com uma noite de amor louco com uma jovem virgem.Memória de minhas putas tristes desfia as lembranças de vida desse inesquecível e solitário personagem em mais um vigoroso livro de Gabriel García Márquez. O leitor irá acompanhar as aventuras sexuais deste senhor, narrador dessas memórias, que vai viver cerca de cem anos de solidão embotado e embrutecido, escrevendo crônicas e resenhas maçantes para um jornal provinciano, dando aulas de gramática para alunos tão sem horizontes quanto ele, e, acima de tudo, perambulando de bordel em bordel, dormindo com mulheres descartáveis, até chegar, enfim, a esta inesperada e surpreendente história de amor.É apenas na aparência que esta inesperada e surpreendente história de amor entre um ancião e uma ninfeta se insere numa tradição da qual fazem parte o Vladimir Nabokov de Lolita, o Thomas Mann de Morte em Veneza e o Yasunari Kawabata de A casa das belas adormecidas, ainda que este último tenha sido citado na epígrafe de Memória de minhas putas tristes e fornecido o mote a partir do qual o escritor colombiano Gabriel García Márquez pôs fim a um período de dez anos longe dos romances.Um leitor mais atento vai encontrar aqui as principais referências e motivações desse hino de louvor à vida e, por extensão, ao amor, já que um não existe sem o outro no imaginário do Prêmio Nobel de Literatura de 1982.O medo do amor é tão superlativo que o anti-herói dessas memórias vai preferir conviver com a mais terrível ameaça para o macho latino: o fantasma da impotência. E enquanto tivesse forças, resistiria ao poder do amor.Memória de minhas putas tristes é uma obra-prima que ressoa nas paixões evocadas pelos grandes mestres da ficção.