Imagine o leitor a cena: você está numa casa de praia, em uma fria noite de inverno, relaxando em frente da lareira e degustando um bom Vinho do Porto quando, de repente, aparece uma figura fantasmagórica apontando o dedo e dizendo que escolheu você para escrever suas memórias. Impossível? Provavelmente. Improvável? Certamente. Mas será que aconteceu mesmo? Sim, aconteceu. Não perguntem como, mas foi assim que este livro surgiu. E, melhor do que acreditar ou duvidar da sua origem, o que vale mesmo é ler cada uma das estórias contadas por Antonio Torelly, Conde de Bergamo. Mas quais estórias são essas, afinal, que estão narradas neste livro? São os relatos de uma vida passada em tempos históricos distintos contados de forma leve e bem-humorada por Aristides Corbellini neste seu segundo livro. O autor aproveita para descrever não apenas situações divertidas, mas também um mundo em constante mutação, entre a metade do século passado e os tempos atuais, com algumas paradas na corte de Luís XV. As aventuras se sucedem freneticamente, ambientadas em países dos cinco continentes, pulando de Montecarlo ao Tahiti, da Sicília a Tehran, do Peru à União Soviética. É um ritmo aparentemente caótico, mas a impressão de caos dura pouco, já que a alternância do tempo e dos lugares passam a ser aliados e se integram criando sentido em algo que não foi feito para ter sentido algum: o amor, em sua versão mais pura, e a própria vida, em seu aspecto mais humano.