O que pode ser melhor do que um exímio escritor relatando uma experiência única, daquelas que dividem a vida entre antes e depois? É com isso que David Coimbra presenteia seus leitores em Meu guri. A experiência, no entanto, é bem corriqueira, comum até (o que em nada diminui o sublime da coisa, muito pelo contrário): tornar-se pai. Todos – tenham ou não filhos, queiram tê-los ou não – se deliciarão ao acompanhar os relatos reunidos neste livro. David, logo nas primeiras etapas do projeto a dois, percebeu que, quando o assunto é ter um filho, as mulheres é que apitam e aos homens é geralmente reservado o papel de coadjuvante. David então fez o que, na condição de homem e jornalista, estava a seu alcance fazer: observar, refletir e registrar. A observação foi feita com muita curiosidade e atenção; a reflexão, com pertinência e inteligência; e o registro de tudo é – além de muito bem-humorado – humano, sobretudo humano. E emocionado. O resultado são textos que, em ordem cronológica, vão do processo de se engravidar, passam pelas expectativas e pelos temores da gestação para chegar ao maravilhamento de se observar a vida e o mundo pelos olhos do próprio filho – e, em meio a esse ciclo, entrar em contato com a própria infância e descobrir-se uma pessoa nova. Se a paternidade não torna todos os homens melhores, o fenômeno aconteceu, pelo menos, com David Coimbra. Regado com amor e com afeto, sem ser, porém, desprovido de outros sentimentos menos inequívocos que acometem pais de primeira viagem, Meu guri provoca gargalhadas e lágrimas, e atesta que o autor encontrou, na paternidade, seu melhor assunto.