Contar histórias é um dos prazeres de Daniel Munduruku, autor do livro Meu Vô Apolinário - Um mergulho no rio da (minha) memória, que a editora Studio Nobel acaba de lançar. O livro resgata parte de sua vida e do seu relacionamento com o vô Apolinário, um velho índio, da tribo Munduruku, que contava histórias dos espíritos ancestrais, a quem chamava carinhosamente de ¿avós e guardiões¿. ¿Na verdade não sei muita coisa sobre meu avô porque o via muito pouco. No entanto, esse pouco de convivência marcou profundamente minha vida, formou minha memória, meu coração e meu corpo de índio. Acho até que falar dele me faz resgatar a história de meu povo e me dá mais entusiasmo e aceitação da condição que não pedi a Deus, mas que recebi Dele por algum motivo¿, escreve Daniel. As histórias deste livro descrevem a própria trajetória do autor e a descoberta de suas raízes indígenas através dos ensinamentos de seu avô. ¿Minha idéia era fazer com que as pessoas que leiam este livro olhem para dentro de si - e também para fora - e vejam como é possível conviver com o diferente sem perder a própria identidade¿. As belas ilustrações de Rogério Borges farão com que o leitor participe desta viagem no tempo, e descubra um pouco mais sobre as raízes indígenas brasileiras. ¿A oportunidade de traduzir em imagens as experiências de um índio, contadas por ele mesmo, foi um privilégio para mim. Neste trabalho procurei combinar várias culturas, pela escassez de informações visuais sobre o povo Munduruku, e, também, fazer referência à cultura indígena em geral¿, descreve o ilustrador. Este livro recebeu a menção honrosa do prêmio Literatura para Crianças e Jovens na Questão da Tolerância, na categoria de livros para crianças de até 12 anos, concedida pela UNESCO